Nos últimos anos, a presença do crime organizado do Comando Vermelho (CV) no Rio de Janeiro teve repercussões alarmantes na Argentina, onde operações de lavagem de dinheiro foram descobertas utilizando criptomoedas. A investigação revela o envolvimento de empresas argentinas, que facilitaram a movimentação de mais de US$ 500 milhões em criptoativos, ou seja, mais de R$ 2 bilhões em possíveis transações ilegais no país vizinho.
Entre 2015 e 2023, a organização controlou um esquema sofisticado para ocultar a origem de fundos ilícitos, valendo-se da volatilidade e da natureza descentralizada das criptomoedas. De acordo com autoridades, a movimentação de capital foi intensificada a partir de 2021 e finalizada somente em 2023. Durante este período, foram identificados aproximadamente 190 Bitcoins e uma quantidade significativa de stablecoins USDT em posse do esquema.
A Ministra de Segurança Nacional da Argentina, Patricia Bullrich, reagiu prontamente à situação, implementando fiscalização rigorosa na fronteira com o Brasil. Segundo Bullrich, a instabilidade provocada pelos conflitos do Comando Vermelho no Rio de Janeiro pode causar um “desmobilização” que afete o território argentino. “Estamos reforçando as fronteiras para proteger os argentinos de qualquer desestabilização gerada pelos conflitos”, afirmou.
O Governo do Rio de Janeiro, sob a liderança do governador Cláudio Castro, tem se empenhado para combater o crime organizado e recebeu atenção internacional por suas iniciativas. Trabalhando em conjunto com o Ministério da Justiça, as autoridades brasileiras estão auxiliarem com o envio de peritos para ações de inteligência e investigação. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, destacou a importância de uma comunicação rápida e eficiente entre as forças de segurança federais e estaduais, visando à eficiência no combate ao crime.
Essa situação levanta uma discussão crítica sobre o papel das criptomoedas no financiamento de atividades ilegais. Embora as tecnologias blockchain ofereçam oportunidades interessantes para transações seguras e anônimas, também criam um ambiente propício para fraudes e lavagem de dinheiro. A necessidade de regulamentação e fiscalização mais robustas tornou-se evidente, uma vez que os criminosos estão cada vez mais adaptando suas operações às novas tecnologias financeiras.
Em suma, a combinação do crime organizado e das criptomoedas representa um desafio significativo para as autoridades de segurança pública, exigindo respostas rápidas e eficazes para prevenir que essas atividades ilícitas floresçam em um ambiente onde a denotação de capital se torna cada vez mais complexa. As ações em curso na Argentina e no Brasil podem ser um exemplo de como as interações transfronteiriças devem ser tratadas em um mundo cada vez mais digital.

