O Departamento de Justiça dos EUA anunciou, em 25 de junho de 2025, um processo contra Kai West, conhecido como ‘IntelBroker’, um hacker britânico acusado de causar danos estimados em US$ 25 milhões a suas vítimas. Este caso chama a atenção não somente por seus desdobramentos legais, mas também pela estratégia inovadora utilizada pelo FBI para identificar e capturar o criminoso.
A investigação, que se baseou na análise de transações de Bitcoin, revelou como o FBI foi capaz de rastrear a identidade de West. Embora o hacker operasse predominantemente com a criptomoeda Monero (XMR), que é conhecida por sua alta privacidade, um movimento crucial na operação envolveu um pagamento em Bitcoin feito por um agente infiltrado, o que possibilitou o rastreamento.
O Bitcoin oferece uma camada de anonimato, mas não é completamente anônimo; sua estrutura pseudo-anônima permite que os endereços e transações sejam monitorados. Portanto, mesmo sendo uma escolha popular entre hackers, o FBI conseguiu inverter essa vantagem a seu favor. Um agente infiltrado convencido West a aceitar um pagamento em Bitcoin, o que foi um ponto de virada na investigação.
Após receber o endereço de Bitcoin do hacker, os investigadores começaram a analisar as transações na blockchain. Isso levou à descoberta de atividades financeiras que ligavam West a uma conta de uma corretora de criptomoedas, permitindo assim um aprofundamento nas investigações. O histórico de transações revelou que a primeira movimentação foi realizada em 12 de outubro de 2022, em um esquema que indicava a criação de uma carteira de passagem para ocultar o verdadeiro caminho dos fundos.
A coleta de evidências não parou por aí. O FBI conseguiu um mandado judicial que permitiu acessar os e-mails de West, onde foram encontradas informações adicionais que corroboraram a identidade do hacker. A investigação mostrou que ainda que ele utilizasse VPNs para se esconder, seu IP revelou-se consistente em momentos críticos, documentando acessos a contas vinculadas a seus ataques anteriores.
Kai West enfrenta acusações de quatro crimes, todos relacionados a fraudes e hacks, e se condenado, pode enfrentar uma pena de até 50 anos de prisão. O Procurador dos EUA, Jay Clayton, ressaltou a importância da ação na luta contra o crime cibernético, enfatizando que o FBI está comprometido em trazer criminosos à justiça, independentemente de onde eles atuem.
O caso de West não é isolado. É a mais recente demonstração da habilidade do FBI e de outras agências para usar táticas avançadas de análise de blockchain para identificar criminosos que acreditam que a criptomoeda lhes confere imunidade. A crescente integração das criptomoedas na sociedade e nas finanças exige uma vigilância constante e métodos inovadores para combater fraudes e crimes virtuais.