Como Criptomoedas e Starlink Estão Transformando o Crime Organizado no Brasil

Na última audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, o renomado pesquisador Bruno Paes Manso, do Núcleo de Estudos da Violência da USP, apresentou uma análise aprofundada sobre a evolução das facções criminosas no Brasil. Ele destacou como as criptomoedas e a tecnologia da internet via satélite, especialmente a Starlink, têm sido fundamentais na modernização e expansão desses grupos.

Com a ascensão das tecnologias descentralizadas, as organizações criminosas estão se afastando dos métodos tradicionais de movimentação de valores. Manso ressaltou que, atualmente, é possível transferir somas exorbitantes de dinheiro, como 5 bilhões de dólares, usando apenas um pen drive. A agilidade e a falta de intermediários bancários confidentes têm tornado essas transações mais simples e seguras.

“O fim dos doleiros e a era dos criptoativos” foi um dos pontos levantados pelo especialista, que apontou que a figura tradicional dos doleiros está perdendo espaço. A descentralização oferecida pelas criptomoedas permitiu a criação de um sistema financeiro paralelo robusto, funcionando à margem das regulamentações cambiais. Isso possibilita que facções criminosas atuem em todos os estados brasileiros, movimentando cerca de R$ 300 bilhões por ano.

Além das criptomoedas, Manso trouxe à tona a relevância das fintechs e das casas de apostas online. Estas plataformas digitais têm se tornado vetores importantes para a ocultação de patrimônio ilícito, apresentando brechas que facilitam a lavagem de dinheiro e o financiamento de atividades criminosas. Ele observou que o mercado virtual de pagamentos oferece oportunidades que vão além do que as instituições financeiras tradicionais podem proporcionar.

A tecnologia da Starlink, idealizada por Elon Musk, transformou a maneira como grupos criminosos se comunicam, especialmente em regiões isoladas como a Amazônia. O acesso à internet via satélite derrubou as barreiras geográficas, permitindo que facções se organizem e coordenem suas atividades com muito mais eficiência.

“Hoje, com a Starlink, é possível se comunicar na Amazônia de maneira que antes era impossível. Essa facilidade de comunicação não apenas ajuda as quadrilhas, mas também expande suas operações”, destacou Manso, enfatizando a transformação do ecossistema criminal que ocorre com essas novas tecnologias.

Portanto, a integração de criptomoedas e tecnologias de comunicação de ponta não apenas redefine o cenário do crime organizado, mas também desafia as autoridades de segurança pública a se adaptarem a essas novas realidades.

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