O Banco Central do Brasil dá mais um passo em direção à diversificação de suas reservas internacionais com a recente aquisição de 31 toneladas de ouro em setembro e outubro de 2025. Este movimento interrompe um hiato de quatro anos, sinalizando a intenção da instituição de se alinhar com tendências globais que buscam maior proteção contra incertezas geopolíticas e a crescente desconfiança no dólar americano.
Desde 2018, as reservas de ouro do Brasil cresceram significativamente. Atualmente, o ouro compõe 6% das reservas internacionais do país, comparado a apenas 0,7% há cinco anos. A justificativa para essas compras é clara: enquanto as incertezas econômicas aumentam, os gestores de reservas estão revisando suas estratégias e priorizando ativos que ofereçam proteção contra riscos de sanções e volatilidade cambial.
No que diz respeito ao mercado de Bitcoin, o projeto de criação de uma Reserva Estratégica de Bitcoin continua estagnado no Congresso. Apesar do progresso suposto trazido pelo deputado federal Eros Biondini e discussões promovidas por Pedro Guerra, o Banco Central, o Tesouro Nacional e o Ministério da Fazenda expressam objeções graves. A resistência à inclusão de criptomoedas nas reservas soberanas não é um fenômeno isolado no Brasil; de acordo com recentes estudos, cerca de 97% dos bancos centrais no mundo não têm planos para incluir Bitcoin em suas reservas.
O cenário global relacionado à compra de ouro se intensificou com um aumento de 36% nas aquisições de ouro por bancos centrais em outubro, com um total acumulado do ano de 254 toneladas. Isso reafirma a crescente demanda que resultou em sucessivas máximas históricas no preço do ouro, que agora ultrapassa US$ 4.208. Esse aumento dramático foi impulsionado pela busca de ativos que forneçam uma segurança superior em tempos econômicos incertos, destacando a resiliência e as características protetivas do ouro.
Além disso, gestores de reservas internacionais estão manifestando a intenção de aumentar sua alocação em ouro, evidenciando uma mudança estrutural na gestão de reservas. Pesquisas mostram que 32% dos gestores pretendem aumentar suas aquisições de ouro nos próximos 12 a 24 meses. Em um horizonte de dez anos, esse percentual sobe para 40%. Essa priorização do ouro sobre outras alternativas como o Bitcoin simplesmente reflete a atual dinâmica do mercado, onde a segurança e a proteção contra a volatilidade prevalece.
Concluindo, enquanto o Banco Central do Brasil avança sigilosamente na acumulação de ouro, a posição do Bitcoin nas reservas ainda parece distante de ser realizada. Para o futuro, as entidades governamentais e o Banco Central precisarão lidar com os dilemas que as criptomoedas trazem, especialmente na questão da volatilidade e regulamentação.

