Peter Todd, renomado desenvolvedor do Bitcoin, expressou preocupações sobre a possibilidade da NSA (Agência de Segurança Nacional dos EUA) implementar backdoors em soluções criptográficas desenvolvidas para serem seguras contra computadores quânticos. Em um recente post nas redes sociais, Todd ressaltou que existem indícios claros de que a NSA está buscando maneiras de enfraquecer a criptografia ao favorecer algoritmos que ele considera problemáticos.
No seu texto, ele menciona: “A forma óbvia de implementá-los é E: tradicional E seguro contra quânticos. Ou seja, seria preciso quebrar ambos. A NSA está tentando remover esse cinto de segurança: apenas quântico.” Essa afirmação levanta questões sérias sobre a segurança da criptografia em um futuro onde computadores quânticos se tornem comuns.
O alerta de Todd não surge do nada; ele se baseia em um contexto histórico onde a NSA já foi responsável por endossar algoritmos com backdoors. Segundo ele, “já houve casos de criptografia com backdoor sendo endossada a pedido da NSA. Não é um risco teórico. Eles estão claramente se preparando para fazer isso novamente”.
Uma parte do problema reside em um projeto secreto que, conforme um artigo recente, visa silenciar críticas e mudas regras dentro da IETF (Internet Engineering Task Force). Essa mudança permitiria que novos supervisores banissem permanentemente pessoas por questionar propostas de enfraquecimento dos padrões criptográficos, gerando temor entre profissionais da área.
Não só a NSA, mas também a GCHQ (agência de inteligência do Reino Unido), estão fazendo esforços para eliminar a utilização de modelos híbridos de criptografia, que combinam Criptografia de Curva Elíptica (ECC) e soluções Pós-Quânticas (PQ). Segundo Todd, “se a criptografia pós-quântica for projetada para ser superforte, então por que ainda mantemos a camada ECC? Isso é como usar cinto de segurança, no mundo real, carros às vezes batem, e o cinto reduz os danos”.
Além das implicações para o setor bancário e governos, o Bitcoin também se vê obrigado a se adaptar à era quântica. Especialistas estimam que, atualmente, entre 4 a 10 milhões de bitcoins (ou 20 a 50% da oferta total) podem estar vulneráveis a potenciais ataques quânticos.
Entre as propostas emergentes para aumentar a segurança do Bitcoin estão o Quantum-Resistant Address Migration Protocol (QRAMP) e os endereços Pay to Quantum Resistant Hash (P2QRH). Esses protocolos são parte da preparação para um futuro em que a computação quântica não seja mais uma possibilidade, mas sim uma realidade, onde a proteção contra ataques se torna imprescindível.
Até mesmo o criador do Bitcoin, Satoshi Nakamoto, levantou preocupações sobre a computação quântica em 2010, discutindo que, caso o SHA-256 se tornasse vulnerável, seria necessário um consenso para determinar a blockchain “honesta”. A evolução tecnológica exige uma resposta proativa, e o debate atual sobre segurança quântica é apenas um exemplo de quão crítico isso se tornou.

